Nos últimos meses, motoristas de diferentes regiões do país vêm relatando episódios preocupantes envolvendo seus veículos. O que antes era mais comum em centros urbanos à noite, agora ocorre a qualquer hora do dia e em locais movimentados. A nova prática criminosa envolve a retirada de rodas de automóveis de forma rápida e silenciosa, deixando os donos sem reação e com prejuízos consideráveis. A ação surpreende pela ousadia dos criminosos, que agem mesmo com a presença de câmeras e transeuntes.
Em bairros de grandes capitais, o cenário se repete com frequência cada vez maior. Proprietários acordam e encontram seus carros suspensos por tijolos ou blocos de concreto, sem duas ou até mesmo as quatro rodas. Além dos danos causados à suspensão e à lataria, há ainda o trauma de lidar com um crime que parece não ter fim. A sensação de insegurança é crescente, principalmente entre aqueles que dependem do veículo diariamente para trabalhar ou cumprir compromissos familiares.
As quadrilhas especializadas nesse tipo de ação têm agido com precisão e rapidez. Em poucos minutos, os criminosos conseguem desmontar as peças e desaparecer pelas ruas adjacentes, dificultando a ação da polícia. O comércio clandestino de peças automotivas continua sendo o destino provável dessas rodas subtraídas. Esse ciclo alimenta um mercado paralelo que resiste ao controle das autoridades e se fortalece com a impunidade percebida.
Outro aspecto que torna a situação ainda mais preocupante é o impacto emocional e financeiro nas vítimas. Muitos brasileiros não possuem seguro total e, mesmo os que têm, enfrentam burocracias e custos adicionais com franquias e correções estruturais. As ocorrências vêm sendo registradas com frequência nos aplicativos de denúncia e redes sociais, mas isso ainda não resultou em medidas de proteção mais eficazes nos bairros afetados.
Em áreas como a zona leste de São Paulo, a prática se tornou tão comum que moradores se organizam em grupos de vigilância comunitária para tentar conter os crimes. Apesar do esforço coletivo, a falta de policiamento ostensivo e a dificuldade em rastrear peças roubadas tornam essas iniciativas apenas paliativas. A ausência de respostas concretas por parte do poder público deixa um vazio na proteção patrimonial da população.
Enquanto isso, cresce o número de estabelecimentos especializados na instalação de travas antifurto e alarmes para rodas, serviços que têm sido cada vez mais procurados por quem deseja se prevenir. A adaptação do consumidor à ameaça é uma resposta direta ao medo e à falta de garantia de segurança nas vias públicas. Isso mostra como o comportamento social muda diante de situações que deveriam ser coibidas pelo sistema de segurança.
A disseminação desse tipo de furto em cidades de diferentes regiões do Brasil indica que o problema não está restrito a um único ponto geográfico. Trata-se de uma questão nacional que exige estratégias integradas e urgentes. O combate à comercialização ilegal de peças e a ampliação da vigilância ostensiva são caminhos apontados por especialistas para frear o avanço desse tipo de crime que já virou rotina.
Enquanto a criminalidade se reinventa e encontra novas formas de agir, a população segue à mercê da vulnerabilidade urbana. A perda de um bem material é apenas parte da dor enfrentada por quem sofre esse tipo de ataque. Resta agora que as autoridades compreendam a gravidade da situação e estabeleçam medidas concretas de contenção antes que esse tipo de ação se torne naturalizado nas cidades brasileiras.
Autor : Ivash Jocen