Agora que o mercado brasileiro está familiarizado com BYD e GWM, inicia-se uma segunda investida por parte das fabricantes chinesas. Cinco novas marcas já estão instalando operações por aqui: Zeekr, Neta, Omoda, Jaecoo e a sino-britânica Morris Garage, mais conhecida como MG.
Um fato interessante a ser observado é que todas estas inéditas marcas chinesas estão vindo por conta própria ao Brasil, e com forte apelo nos híbridos e elétricos. Antes, era normal que grupos brasileiros abordassem as empresas chinesas para terem os direitos da revenda, como o Grupo Gandini (com a Geely) e a Venko Motors (antiga importadora da Chery).
Para você saber quem é quem, Autoesporte revela quais são as novas marcas e os modelos confirmados para serem vendidos por aqui.
Fundada em 2019 em Shanghai, a Neta é uma submarca da Hozon Auto focada em carros elétricos. A empresa começou a se instalar no Brasil no final de 2023 com o mapeamento do mercado e o início da contratação de executivos. A operação ainda está em etapa inicial.
Mesmo sem concessionárias, a Neta registrou um carro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) no ano passado. Trata-se do Neta GT, um cupê de quatro lugares que rivaliza com o Tesla Model 3 no mercado chinês. O esportivo tem baterias de 64 kWh ou 74 kWh de capacidade, entregando entre 550 km e 650 km de autonomia. Já a potência varia entre 231 cv e 462 cv, dependendo da versão.
Este é o único carro registrado no Brasil até o momento. No mercado chinês, a marca também oferece um SUV compacto (Neta Aya), um sedã médio (Neta S) e uma perua (Neta SS). Os dois primeiros são os mais cotados, considerando o perfil dos motoristas brasileiros.
A Neta iniciou sua expansão global apenas em 2022. Portanto, o Brasil será um dos primeiros países das Américas a recebê-la. Há também o plano ousado de vender 100 mil carros híbridos e elétricos em todo o mundo em 2024.
A Zeekr pertence ao Grupo Geely, que também é proprietário da Volvo e da Lynk & Co. A nova marca tem o objetivo de atacar o segmento de luxo no Brasil, acima da BYD, concorrendo diretamente com as fabricantes premium alemãs, como Porsche, Audi, BMW e Mercedes-Benz.
Portanto, os carros da Zeekr serão bem mais caros que os da BYD e GWM, por exemplo, ainda que preços não tenham sido divulgados. Para 2024, a marca irá importar os modelos Zeekr 001 (um crossover elétrico) e Zeekr X (um SUV médio). O objetivo é ter ao menos dois carros novos no Brasil todos os anos.
O crossover será lançado em três versões (Básica, Premium e Flagship). A configuração mais barata terá motor traseiro de 421 cv, autonomia de 600 km e rodas de 21 polegadas. A aceleração de 0 a 100 km/h acontece em 5,9 segundos.
Já as opções mais caras chegam ao país com dois motores de 789 cv, tração integral e rodas aro 22. Segundo a marca, o modelo pode atingir 100 km/h em apenas 3,2 s. A autonomia será menor, na faixa dos 500 km. A marca ainda não revelou as especificações técnicas do Zeekr X, tampouco o pacote de equipamentos.
A nova fabricante chinesa organizou um evento em São Paulo (SP) para apresentar o 001 a um grupo de jornalistas, mas não detalhou seu plano de negócios, como cadeia de importação e pontos de venda, estratégias… Novas informações devem surgir apenas no segundo semestre.
MG
Você lembra da MG, marca de origem britânica que vendeu carros no Brasil entre 2011 e 2013? Conforme apurado por Autoesporte, a matriz chinesa iniciou estudos e pretende abrir uma filial própria ainda em 2024. A importação ainda deve demorar para começar.
A primeira passagem da MG foi apagada. A empresa era representada pelo Grupo Forest Trade e emplacou pouquíssimos carros em três anos — tanto que a maioria dos brasileiros nem se lembra que a fabricante já esteve por aqui.
Agora sem intermediário, a marca pretende aproveitar a alta de BYD e GWM para voltar ao país. Vale lembrar que a MG faz parte do Grupo SAIC, um dos maiores da China no setor automotivo, desde 2006.
Entretanto, a MG está na etapa mais embrionária entre todas as fabricantes da lista, pois apenas iniciou sondagens para avaliar um possível retorno. A empresa não foi aberta oficialmente no país, não contratou executivos e ainda não fez qualquer registro no INPI.
Omoda
A chegada da Omoda surpreendeu até uma de suas conterrâneas. Isso porque a marca pertence à Chery, que é comandada no Brasil pela Caoa desde 2017. Quando os primeiros carros surgiram em testes em 2022, todos imaginavam que a marca do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho seria a responsável pela importação. A Omoda, porém, chega de forma independente, sem relações diretas com o Grupo Caoa.
O primeiro carro à venda será o Omoda 5, SUV cupê que atualmente é o único modelo oficialmente no catálogo da marca. O modelo tem motor 1.5 turbo sem injeção direta e um sistema elétrico de 48 volts capaz de entregar 160 cv e 25,5 kgfm. Combinado ao motor elétrico, o SUV desenvolve 204 cv e 34,7 kgfm.
Autoesporte apurou que mais três carros podem ser lançados por aqui até 2025: Omoda 3 (SUV compacto), Omoda 7 (SUV médio) e Omoda 9 (SUV de sete lugares), todos com motores híbridos.
Ademais, entre todas as marcas da lista, a Omoda é a mais próxima de ter uma fábrica. Isso porque, segundo apuração de Autoesporte, a matriz chinesa estuda reativar a linha de produção da Chery em Jacareí (SP), fechada desde 2022. Isso vai depender do volume de vendas dos SUVs importados nos primeiros anos.
Junto da Omoda, o Grupo Chery também vai apostar na Jaecoo. A fabricante terá um posicionamento ainda mais premium, no patamar de marcas de luxo tradicionais como Jaguar Land Rover e BMW.
A Jaecoo é a “caçula” da lista, pois foi fundada na China apenas em 2023. Os modelos mais cotados para o nosso mercado são o J7 (SUV médio de luxo) e o J8 (SUV grande híbrido plug-in).
A expansão da rede de vendas já começou. Omoda e Jaecoo esperam encerrar 2024 com ao menos 50 concessionárias espalhadas nas principais cidades do Brasil. Depois, em 2025, novos SUVs chegarão ao nosso mercado, incluindo modelos elétricos.